quarta-feira, 18 de julho de 2012

Baby Blues Brasil




Tudo muito bem, tudo muito bonito, tudo muito bacana mas não posso evitar dias de "baby blues" ou "mamãe anda tão down". Tenho certeza que toda gravidinha sabe muito bem do que estou falando. São hormônios enlouquecidos que transformam seu dia drasticamente. Tudo vai do rosa para o cinza nublado com relâmpagos, chuva e trânsito paulistano das 6 da tarde.

Tenho certeza de que para barrigudinhas como eu que estão tão longe de casa, tão longe das pessoas amadas, sozinha do outro lado do Atlântico a deprezinha é levemente mais potente, levemente do tipo quero morrer já.
São lágrimas e lágrimas descontroladas, são medos e medos desenfreados, são preocupações e preocupações monstruosas. É pânico.
Depois passa. Mas o durante é tenebroso.
Nessas horas a brasilidade que sempre morou em mim veste uma fantasia tipo de X-men e sai super potente e mutante. Uma loucura. Vontade de fazer as malinhas, pegar o Visa e partir bater uma fejuca pra nunca mais voltar.
Nas outras horas também. É quando a mãe louca pega o Ipod, coloca na pança e se recusa a colocar qualquer canção que não seja brasileira. Se rolar uma batucadinha, um cavaquinho, um chorinho, melhor ainda.
Não há a menor sombra de dúvidas que mesmo em uma crise fudida tremenda, com mil recortes, trabalho zero e futuro duvidoso, o sistema público funciona por aqui. Mesmo com todos os recortes nas verbas destinadas a saúde, eu e Giulia temos o melhor atendimento possível. Tudo gratuito. Consultas quinzenais com uma 'Matrona' (uma espécie de enfermeira que dá conselhos, tira dúvidas, examina a barriga, nos pesa, mede a pressão), consultas periódicas (de acordo com a necessidade e evolução da gravidez) com o obstetra, diversas ecografias em 3D (até em 4D), todos os exames nas datas recomendadas para uma gravidez tranquila, curso de pré-parto até o final da gestação, controle semanal do feto...enfim, muitas vantagens, atendimento ótimo e em hospitais ou centros de saúde super modernos, bonitos e acolhedores.
O parto normal também já está garantido, posso inclusive fazer meu plano de parto, com tudo o que quero e não quero que aconteça nesse momento especial. O pós-parto também é fantástico e Giulia tem a garantia de ótimos pediatras, creche (guarderia) e escola pública que funciona de verdade. Se a coisa aperta, o governo nos oferece diversas 'ajudas', bolsa desemprego, bolsa primeiro filho, ajuda de aluguel...é só escolher. Mas porra poxa!!! E a brasilidade??
Eu quero minha filha tapando os olhinhos e dizendo 'achôô', eu quero minha filha correndo com a bundinha branca na praia com um biscoito globo babado na mãozinha, eu quero minha filha nos almoços famíliares na casa dos avós, quero a Giulia dando carninha pra minha cachorra em dia de churrasco do vovô, quero vestir a minha filha e fazer pintinhas em suas bochechas para a festa junina da escolinha.
Quero que ela coma pão de queijo, coxinha e brigadeiro, quero que cantem 'Parabéns à você' em sua festinha de aniversário. Quero que ela corra e incomode todo mundo em uma churrascaria. Quero que ela saiba quem é Curupira, Caipora e Saci-pererê.
Quero repetir tudo aquilo que meus pais fizeram por mim. Quero minha filha dentro do meu universo, rodeada por minha família e meus amigos.
Hoje a deprê bebê tá demorando pra passar. Estamos entrando no último mês, o psicológico está bem conturbado, a ansiedade está gigante e o físico não está ajudando.
Tudo pesa muito e tudo cansa muito. Continuo trabalhando, fazendo tudo normalmente mas os 39º C de hoje não estão ajudando. Falta o ar, faltam forças, dói o umbigo, doem as costas, doem as mãos, a ciática e a bexiga (por certo, estamos nos recuperando de mais uma cistite).
Há dias em que é melhor assumir. Tá foda difícil. É lindo e difícil, é gostoso e incômodo, é sonho e pesadelo.
Giulia, mamãe não é um monstro, mas se a natureza fosse tão perfeita como dizem; botávamos um mini ovo e ele iria crescendo e crescendo fora da gente. Colocaria seu ovinho no seu bercinho e esperaria (bem disposta, linda e leve) você nascer. E se a natureza fosse mais que perfeita os homens ficariam grávidos e a gestação duraria 12 meses, 12 complicados e difícies meses.

5 comentários:

  1. Que lindo! Chorei pra caramba! Mas é assim mesmo, gravidez deixa a gente muito sensível e meio loquinha, mesmo estando perto de tds e de td. Mas esses temores passam e o maravilhoso e único momento de carregar nossos filhos nos braços, fazem td isso ficar somente como lembranças, boas e ternas lembranças. Aqui de longe, do seu Brasil estou rezando e torcendo por vc e tb querendo muito que um dia vc volte pra ficar para podermos ver sua princesa crescer, correr nos restaurantes, curtir o churrasco do vô Ademar, ter tds os paparicos da vovó Esmeralda, os apertões de "buchecha" dos tios sem noção, ver a caipirinha mais linda do mundo dançar quadrilha. Estou com vc em pensamentos e orações e fique tranquila, td isso que vc está sentindo é normal, faz parte desse momento da sua vida. Bjos mais que carinhosos nas duas!

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  2. Você é uma poeta minha filha, te amamos muito.

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  3. Que vocês sejam felizes e caminhem em felicidade!
    beijos tia Lívia

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  4. Preciso dizer que estou chorando!?..rs vc sabe que não preciso de muito para chorar, mas agora vc apelou..hahaha. Que saudade de vc, que vontade curtir de perto sua gravidez...com todos os percalços, estes são meses incríveis. Até hj, 2 anos e oito meses depois, sinto falta da minha barriga. Força...está quase chegando o momento de vc carregar seu coração nos braços. Te amo, beijo Sandre

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  5. O final da gravidez é complicado mesmo. Várias dorzinhas e outras chatices! Sem falar na carência, insegurança, etc. Mas calma que tá no fim! Tenta te distrair que logo teu bebezinho vai estar no teu colo!

    Beijos, Ananda.

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